Record ignora os 50 anos da Rede Globo

          

Depois de um período de relativa calmaria, a guerra de nervos e egos entre Globo e Record está acirrada novamente.

O sucesso instantâneo da novela bíblica Os Dez Mandamentos deu novo fôlego à teledramaturgia do canal dos bispos e, ao mesmo tempo, colaborou com a crise de audiência de Babilônia.

Das emissoras com mais ibope da TV aberta, a Record foi a única que ignorou o aniversário de 50 anos da Globo.

E olha que seu elenco de atores e jornalistas é composto basicamente por ex-globais. Entre eles, Britto Jr., Rodrigo Faro, Marcos Hummel, Sérgio Marone, Giselle Itié e sua nova estrela, Xuxa.

Silvio Santos, que teve programa na Globo entre 1965 e 1976, mandou publicar em jornais e revistas um anúncio parabenizando a concorrente.

A TV Gazeta de São Paulo fez um post no Facebook em homenagem ao cinquentenário da emissora. Seu apresentador mais famoso, Ronnie Von, apareceu mostrando exatamente a página idealizada pelo SBT.

A RedeTV!, que é parceira da Globo na transmissão das Superligas de vôlei, fez uma homenagem a seu modo: com programas da casa comentando o show da Globo que rememorou suas cinco décadas, exibido no sábado (25).

O vice-presidente da emissora, Marcelo de Carvalho, que apresenta o game show Mega Senha, foi executivo comercial da Globo durante muitos anos.

A homenagem mais significativa partiu da Band. Em seu principal telejornal, o Jornal da Band, a emissora exibiu uma matéria de três minutos (duração acima da média para reportagens de TV), feita pelo repórter Fábio Pannunzio, ele próprio um ex-funcionário da Globo.

Em sua narração, o jornalista destacou números que ressaltam a grandeza da emissora carioca: 13 milhões de telespectadores por minuto, 3 mil horas de entretenimento por ano, 2.500 horas de jornalismo anualmente e a presença de suas produções em 170 países.

Um dos entrevistados da matéria, o premiado publicitário Roberto Duailibi, presidente da agência DPZ, não economizou elogios: “Nós falamos do padrão FIFA, mas temos no Brasil o padrão Globo”.

Em outro momento, Pannunzio relembrou momentos polêmicos do canal, como o apoio ao regime militar (reconhecido como “equívoco” pelo Grupo Globo) e a edição manipulada do último debate entre os candidatos Fernando Collor e Lula na eleição presidencial de 1989.

As cúpulas da Band e da Globo — formadas pelas famílias Saad e Marinho, respectivamente — têm uma ótima relação. E, como é sabido nos bastidores do meio televisivo, ambas torcem o nariz para a origem de boa parte do faturamento da Record: as contribuições dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus.

Na entrevista concedida ao jornalista Roberto Cabrini, no Conexão Repórter do último domingo (26), o bispo Edir Macedo, líder da Universal e dono da Record, referiu-se à Globo como “inimiga”.

O religioso culpou a emissora, e também a Igreja Católica, por sua prisão em 1992, sob acusação de charlatanismo, curandeirismo e estelionato.

Record, 61 anos, e Globo, 50 anos, são duas senhoras que se detestam.


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