Reprise de 'O Rei do Gado' chega a bater novelas inéditas em audiência


Na televisão brasileira, atualmente, o rei é peão, com um laço na mão. Exibida originalmente entre 1996 e 1997 na Globo, a novela "O Rei do Gado", de Benedito Ruy Barbosa, chega a bater as tramas inéditas do canal em audiência com suas reprises à tarde no "Vale a Pena Ver de Novo".

No ar desde 12 de janeiro, o folhetim registrou na semana passada média de 16,8 pontos, à frente de "Malhação" e "Boogie Oogie", que marcaram respectivamente 14,7 e 16,5. Cada ponto equivale a 67 mil domicílios na Grande SP.

A participação entre os televisores ligados durante a exibição de "O Rei do Gado" também é superior à da novela das 18h da Globo, um dos principais produtos do canal.

De cada cem TVs ligadas, 35,5 estiveram sintonizadas na reprise na última semana. Para "Boogie Oogie", a participação foi de 32,6. Durante a exibição de "Alto Astral", no horário nobre das 19h, foi de 36.

"O Rei do Gado" não é caso isolado quando se fala em sucesso de novelas antigas. Em setembro, o canal Viva, voltado a reprises de programas da Globo, chegou à nona posição no ranking das emissoras mais vistas da TV paga.

Em agosto, o canal bateu recorde de audiência com as novelas do passado "Dancin' Days" (1978), "História de Amor" (1995) e "A Viagem" (1994), exibidas à tarde.

Ciente do retorno, a Globo lançou também 14 novelas em DVD, entre elas "Roque Santeiro" (1985), "Tieta" (1989), "Vale Tudo" (1988) e "Selva de Pedra" (1972), que somadas venderam mais de 200 mil cópias.

Divulgação
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Os atores Leonardo Brício e Antonio Fagundes durante as gravações da novela "O Rei do Gado"

Nos últimos anos, porém, não se via uma novela tão bem-sucedida no "Vale a Pena Ver de Novo", programa vespertino de reprises de folhetins.

O último grande sucesso foi "Mulheres de Areia", em 2011. A trama teve média de 15,5 pontos. A antecessora de "O Rei do Gado", "Cobras & Lagartos" ficou na faixa dos 12 pontos de audiência.

Em suas últimas duas semanas, "Cobras & Lagartos" foi exibida logo antes de "O Rei do Gado", e teve sua audiência alavancada. Entre os dias 19 e 23 de janeiro, o folhetim apresentou um aumento de ibope e alcançou os 15,7 pontos de média.

Na novela, Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) é um grande criador de gado que se apaixona pela boia-fria Luana (Patricia Pillar), herdeira da família Berdinazi, com a qual mantém uma rixa.

A questão social tem tanto destaque quanto a história de amor dos dois. Entre os personagens há o senador honesto envolvido na luta pela reforma agrária e o líder dos sem-terra contrário à radicalização do movimento.

A novela estreou dois meses após o massacre de Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 96, quando 19 sem-terra foram assassinados por PMs, gerando grande repercussão sobre a questão fundiária.

Para Patricia Pillar esses temas ainda empolgam o público. "Benedito é um apaixonado pelo povo brasileiro e pelas questões do Brasil."

"Jogou o assunto da reforma agrária para o centro das atenções, escutando e respeitando os dois lados, usando a novela como instrumento de educação e informação", afirma. "Conseguiu fazer uma história de amor como pano de fundo para uma importantíssima questão brasileira."

Para Cristina Mungioli, estudiosa de telenovelas da USP, o folhetim —que ela assistia com a família— resgata uma memória afetiva do público. Ela diz ainda que o texto de Ruy Barbosa não envelheceu. "E a questão agrária continua em pauta. O embate ideológico continua."

Patricia, que assistiu a alguns episódios na reprise ("Uma festa para os olhos", diz), conta que continuou sentido o impacto da novela ao longo dos anos. "Ainda hoje, volta e meia alguma menina chamada Luana vem falar comigo. É muito gostoso."

Fagundes descreve algo parecido. "Durante muito tempo me chamaram de Rei do Gado. Agora estão voltando a chamar por causa da reprise."

NA TV
O Rei do Gado
Exibição da novela
QUANDO de seg. a sex., depois da "Sessão da Tarde", na Globo
 
1.folha.uol
 
 
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