Xuxa: Em busca do reino perdido
POR CRISTINA PADIGLIONE
Convém considerar ainda que nem na Globo Xuxa tinha o 1.º lugar garantido. Seu programa nas tardes de sábado muitas vezes perdia para o Pica-pau, animação reprisada à exaustão pela Record. Sem forças para combater a pérfida ave, Xuxa junta-se a ela. Ciosa do título de “Rainha dos Baixinhos” que foi um dia, a loira fez várias tentativas de transferir sua empatia para a plateia adulta, em vão. O sucesso dos anos 80 entre o público infantil também seria fenômeno impensável para os dias atuais, ocupados por uma geração interessada em jogos interativos e canais segmentados para o seu gosto.
Desde que admitiu pela primeira vez a proposta à apresentadora, em dezembro passado, a direção da Record conta com o entusiasmo da apresentadora em “fazer algo que ela nunca fez antes”. Não é bem assim. Entrevistas eram o carro-chefe de seu último programa na Globo, com direito a sofá ao modo Hebe e a busca de intimidade com o entrevistado – vide as reprises do Planeta Xuxa no canal Viva. A seu favor na arte de transformar profissionais, a Record tem o caso de Rodrigo Faro, seu maior sucesso comercial, que na Globo era só mais um ator. Xuxa, ao contrário, acumula lá um passado de glórias. De toda forma, a acomodação na geladeira da Globo, a essa altura, não seria saída honrosa. Melhor ser estrela de novo. Nem que seja em outra freguesia.
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