Mistura de novatos e consagrados gera bom resultado em 'Milagres de Jesus'

"O Endemoniado Cego e Mudo", de Maria Cláudia Oliveira, foi o episódio apresentado na segunda-feira (9) na série "Milagres de Jesus" (Record).

O jovem levita Aziz (Pedro Nercessian) se apaixona pela bela Noemi (Mariana Molina), mas este não era o casamento que os seus pais Baena (Eduardo Semerjian) e Keila (Denise Del Vechio) tinham sonhado para a filha.

Para complicar um pouco mais o romance do jovem casal, aparece a lasciva Venília (Karina Mello) que pede ao próprio marido Lacínio (Mário Cardoso) para dar um jeito de atrair Aziz para o seu leito de luxúria. Noé (Henrique Guimarães), amigo do levita, é quem convence Aziz a entrar no túnel da perdição.

Aziz vai a contragosto, acompanhado por Noé, tocar arpa em uma orgia disfarçada de festa na casa do casal Venília e Lacínio, com o único intuito de conseguir dinheiro para pagar o dote de Noemi e casar-se com a moça. Mas não é isso o que acontece. Ao acordar na manhã seguinte, ainda na casa do casal, zonzo de tanto vinho, Aziz é possuído pelo Mal e fica cego e mudo.

Depois de muito sofrimento pela rejeição dos pais e o estado de miséria do noivo, Noemi consegue levá-lo até o mestre Jesus, que impõe a mão sobre a cabeça de Aziz, libertando-o de todo o Mal. Baena e Keila presenciam a cena, mas mesmo assim o velho inflexível não acredita no milagre.
Semerjian e Del Vecchio dão todo o respaldo dramático para a trama. Atores experientes e talentosos, impõem a verdade de seus personagens com sutileza, energia e profundidade. O trio Nercessian, Molina e Guimarães se encarrega de preencher o episódio do frescor e do ímpeto característico dos jovens bons atores.

Mello e Cardoso marcam presença com a discreta vilania do casal malévolo da trama. Karina se sai muito bem ao interpretar a sensual e ardilosa Venília. Mário imprime um tom sarcástico e prepotente ao seu Lacínio, sem forçar a barra. É importante destacar a voz marcante do ator.

Tão marcante, com um timbre bonito de se ouvir e tão característico que, se por momentos fechássemos os olhos, parecia estarmos assistindo o ator ainda muito jovem vivendo o belo Augusto por quem "A Moreninha" (1975) Carolina (Nívea Maria) se apaixonou na versão televisiva (Globo) de Marcos Rey para o romance de Joaquim Manuel de Macedo, sob a direção do então marido da atriz Herval Rossano (1935-2007).

Um único senão para a voz de Jesus na série: uma espécie de locução impessoal que quebra muito a emoção dos momentos cruciais dos milagres. Mas, pelo sim, pelo não —graças a Deus— os "Milagres de Jesus" continuam envolvendo nas noites da Record.


FOLHA DE SP 
Renato Kramer 


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